Fiz algumas fotos das várias fases de realização da minha nova gravura em linóleo e respectivas provas.

1. Desenho.
Antes de mais escolhi uma pinha simpática para ilustrar. Tirei-lhe uma fotografia que usei para definir as linhas do desenho. Digitalizei e imprimi este desenho e sobre ele representei a pinha a alto-contraste, observando a luz e as sombras directamente no meu modelo, com a direcção da luz escolhida previamente.

2. Transferência.
A partir do desenho a alto-contraste, trasferi as linhas de contorno das áreas a manter em relevo para um papel vegetal; inverti esse papel e transferi os contornos para o linóneo, usando uma espécie de "papel químico" improvisado: papel vegetal sujo com grafite.

3. Gravação.
Para realizar a matriz usei duas govas: uma muito precisa em ângulo recto para o desenho delicado da pinha; e uma larga de meia cana para o desbaste em redor. Estas goivas vendem-se no Corte Inglês e recomendam-se.

4. Preparação do papel: banho.
Antes da impressão é necessário preparar o papel que vai ser usado nas provas; convém estar húmido para que a tinta adira bem. O primeiro passo é pôr o papel de molho durante uns minutos (por exemplo 20 min.).

5. Preparação do papel: escorrimento.
O papel não pode estar ensopado, se não a tinta de óleo não adere bem. Eu "colo" as folhas molhadas nos azulejos da casa de banho para escorrerem.

6. Preparação do papel: absorção.
Para retirar o excesso de humidade, coloco as folhas intercaladas com papéis absorventes debaixo de um livro. Passada cerca de meia hora as folhas têm um teor de humidade adequado para serem impressas.

7. Tintagem.
Usei tinta para linoleogravura à base de óleo. Espalhei a tinta num azulejo e apliquei-a à matriz com um rolo de borracha.

8. Alinhamento do papel com a matriz.
Para garantir que todas as provas da edição saem com a mesma posição preparei um cartão prensado com as marcações. A matriz tintada foi encaixada num recorte justo; e as folhas foram alinhadas segundo um rectângulo desenhado no cartão.

9. Pressão manual.
Não tenho acesso a nenhuma prensa, por isso fiz a impressão de uma forma caseira: apliquei pressão com um rolo-da-massa pequeno (que vinca bem as áreas de limite do desenho); e uma colher de pau (que vinca melhor as zonas centrais). Esta fase é muito demorada e cansativa e requer muita concentração para não deixar que o papel saia do lugar enquanto são feitos os movimentos de compressão.

10. Secagem das provas.
À medida que fui imprimindo fui juntando as provas e deixei-as a secar até ao dia seguinte.
Depois disto só faltou emoldurar, embrulhar e fazer chegar os presentes aos amigos.