As últimas aulas do curso de retrato do professor Artur Ramos foram dedicadas ao esboceto a óleo. Cada retrato foi feito ao longo de 3 aulas de 3 horas cada.
Mostro aqui o resultado de cada uma das 3 aulas. A reprodução das cores não é correcta porque tirei cada uma das fotos em circunstâncias de iluminação diferentes. De qualquer forma a sequência serve para se perceber o método expedito que o professor nos ensinou e que consiste na sobreposição de camadas.
Não estou muito contente com este retrato enquanto resultado final mas fiquei muito satisfeita com aquilo que consegui aprender nesta minha primeira experiência de retrato a óleo.
Primeira fase: desenho e modelação monocromática
Resolvi o desenho em cerca de 40 minutos, tentando ganhar tempo para a pintura. Mais tarde não se conseguem fazer grandes afinações, por isso há que acertar no desenho logo no início.
Para a pintura, comecei por preparar uma mistura de ocre com siena queimada. Depois misturei a tinta a óleo (c. 40%) com caseína (c. 60%) até ficar homogénea. A partir de então a tinta a óleo comum torna-se miscível com água e permite fazer aguadas! A água deve ser misturada a pouco e pouco para ligar bem à preparação de caseína sem fazer grumos. Como na culinária. :)
A lógica da pintura nesta fase é similar à da aguarela: para tons claros usamos maiores diluições; para tons escuros, maior concentração. Começamos pelo claro e terminamos com o escuro.
A caseína faz com que a tinta seque num instante, pelo que esta técnica é óptima para pinturas que se pretende acabar em apenas um dia. Uma vez seca a base de caseína, podemos passar à aplicação da cor.
Segunda fase: pinturas das tonalidades
O início desta fase é dedicado ao trabalho cuidadoso na paleta, para preparar algumas tonalidades para a pele bastante bem afinadas. Por exemplo um tom médio, um tom mais claro e um tom escuro. Adicionalmente podemos ter mais um tom rosado para zonas como o nariz e as bochechas, e eventualmente um tom levemente esverdeado ou azulado para algumas sombras. Mas para que as várias cores sejam todas compatíveis, o ideal é que inicialmente seja misturada a cor média em quantidade suficiente para depois se retirar porções que se misturam com outras cores para produzir as versões claras, escuras, rosadas, azuladas, etc..
A tinta é aplicada pura, sem diluição, para ser espessa e opaca. Quando se pretende terminar a pintura passados poucos dias, convém evitar usar óleo, para que o tempo de secagem seja menor.
Usa-se um pincel para cada cor e um pincel adicional para fundir as cores adjacentes. Assim evita-se que as cores se sujem.
Nesta fase da pintura usa-se uma gama de claro escuro relativamente restrita. Os brilhos e as sombras mais escuras são deixados para o fim.
Aliás, é contrapruducente aplicar tons escuros muito cedo. Se posteriormente chegarmos à conclusão que é necessário aclará-los, a aplicação de tinta mais clara provoca uma zona manchada e baça na pintura. Devem ser aplicados primeiro tons médios e só no fim os escuros.
Terceira fase: brilhos, sombras, pormenores e acabamentos.
Finalmente aplicam-se os brilhos (por exemplo no nariz) e os tons mais escuros da pintura, numa última camada. São finalizados com maior definição os olhos e os lábios. E dão-se os últimos ajustes para que a pintura funcione como uma unidade.
2 comentários:
Grande aula que nos forneces aqui! Como não percebo nada de pintura a óleo, nunca tinha ouvido sequer falar de caseína. Já aprendi qq coisa hoje. Obrigada.
Estou a ver q devia era ter tido modelos de pintura com o artur ramos, na minha altura era so misturar o oleo com aguarraz e voilá!
Temos q estar sempre a ir pesquisar aos livros para aprender a tecnica classica!!
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